terça-feira, 19 de outubro de 2010

VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES: uma expressão da questão social

O perverso ciclo da violência doméstica contra a mulher...Afronta a dignidade de todos as pessoas!
A violência doméstica acontece dentro de um ciclo e acaba estabelecendo um tipo de vínculo especial entre o agressor e a vítima. A primeira relação que se estabelece é de confiança. O companheiro ou marido traz para ela aspectos positivos e ela projeta nessa pessoa perspectivas de vida relacionamento de mais longo prazo com ele. Constata-se que a primeira violência nunca acontece no primeiro dia, no primeiro encontro. Há uma dificuldade de comunicação, pois a primeira agressão rompe uma relação de confiança atingindo uma relação que era satisfatória. Muitas mulheres chegam a perguntar para si mesmas: O que fizeram de errado? A violência inicial desorienta a mulher e ela tende a apresentar sintomas de depressão e ansiedade.

Isolada neste processo, a mulher culpa-se pela situação, entra em um processo de resistência passiva e se habitua a conviver com aquele tipo de situação. A vítima passa a assumir o modelo mental do seu agressor. É quando ela passa a pensar que ele está certo e ela está errada, mas com o objetivo de garantir a integridade psicológica e adaptar-se à situação.

Na medida em que essa mulher fica isolada, sem alguém que possa ajudá-la a entender o que está acontecendo nem garantir-lhe a segurança de que precisa, ela passa a se adaptar a essa situação, para manter um bom relacionamento com o agressor. Tal é a desesperança que busca segurança no próprio agressor. A mulher passa a desenvolver grande dependência do agressor, idealização do agressor e defesa das razões do agressor.

A maioria das mulheres têm dificuldade em considerar os atos como violentos nas fases iniciais, geralmente marcadas por “agressões verbais, ciúmes, ameaças, destruição de objetos etc.” A mulher sofre um distúrbio de percepção e avaliando o agressor como cansado ou alcoolizado, alivia a responsabilidade dos atos violentos comportando-se como cúmplice. Nós precisamos desenvolver nas palavras da Ministra Ellen Gracie, Presidente do Supremo Tribunal Federal:

(...) Um patamar de referência processual afirmativa e de sensibilização dos atores judiciais e da opinião pública para que não se reproduza, como sempre, a representação ideológico/cultural de dominação do homem sobre a mulher, de ricos sobre pobres e de incluídos sobre os socialmente excluídos.

Ser violento. Tratar o outro como objeto é violar a dignidade de todos nós.

Nadhiany Vieira – estagiária de Serviço Social do CRM



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