sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O debate sobre o pagode e o projeto da Deputada Luiza Maia (PT)

A deputada estadual Luiza Maia (PT) acendeu a mídia baiana e nacional com a proposta do Projeto de Lei que pretende proibir o poder público de contratar bandas cujas músicas incentivam o preconceito e a violência contra as mulheres. Interpretado de várias maneiras, o projeto ganhou aliados e também inimigos, em especial os pagodeiros baianos. A “guerra” entre a deputada e os pagodeiros foi incentivada pela mídia que divulgou que a deputada era contra essa classe artística. A classe reagiu afirmando que Luiza só “queria aparecer”.

“O projeto não é polêmico, é simples, o problema foi que uma parte da mídia disse que eu estava contra o pagode aí o pessoal do pagode teve uma reação, mas o projeto é simples: a proposta é que o dinheiro público não contrate bandas de músicas que incentivem, reforcem a desigualdade, o desrespeito, o preconceito, que incentivem a violência, que depreciem a imagem da mulher porque tem muita música aí que realmente a gente tem que discutir com esse pessoal pra dar um tempo. E não é só pagode não, eu não tenho nada contra o ritmo, tenho contra a letra de qualquer ritmo que agride a mulher, que incentiva a violência”, declarou a deputada no programa Rádio Comunidade.

Segundo Luisa Maia, as mulheres têm reagido contra esse tipo de música, já tinham procurado a deputada “indignadas com a falta de respeito de certas músicas” pedindo que se fizesse algo, que se pensasse numa solução para a situação. “Além de a mulher ser colocada como objeto sexual agora a mulher é igual à lata um chuta e outro cada, é igual à cadela dá a pata, balança o rabo...rala o não sei o que no chão, e aí há um tempo o movimento feminista vem com a gente discutindo o que fazer...um monte de coisas absurdas...mas ninguém achava uma saída pra enfrentar essa campanha, essa baixaria contra as mulheres...agora que sou deputada eu fiz esse projeto, a gente só conseguiu dar entrada em junho, é esse o motivo: as mulheres não merecem essa campanha de depreciação, de desvalorização que algumas bandas fazem”, discursa a deputada.

Sobre o apoio que tem recebido Luiza disse que o governador não se pronunciou, mas a secretaria da mulher já se posicionou favorável, o secretário do turismo também. Segundo ela, 10 deputadas, mais 25 deputados estão abraçando essa causa. “Esse projeto é uma reação, estamos reagindo, a sociedade tem me apoiado, tem alguns machistas que estão incomodados, que não tem o menor respeito pelas mulheres, e a própria indústria da cultura da baixaria contra a mulher, que ganha muito dinheiro porque os municípios e os estados pagam, vão ter que cantar outro tipo de música”, enfatiza Luiza.

A deputada acredita que o projeto que ela propõe beneficiará toda a sociedade, pois a valorização da mulher é uma questão que diz respeito a todos. “Temos o direito de viver numa sociedade que nos valorize, nos respeite, que não valorize a violência, que não incentive, inclusive, a pedofilia que a gente ver crianças com roupas inadequadas, danças inadequadas, uma erotização das crianças antes do tempo... Como política para mulheres temos a secretaria estadual da mulher, secretarias municipais que lutam pelos direitos da mulher, pagar essas bandas é ir na contra mão dessa política, temos de combater e uma forma é essa, o dinheiro público não deve incentivar isso”, declara.



Acusada pelos pagodeiros de querer “aparecer” ao propor um projeto considerado polêmico, Luiza Maia diz que “na verdade eles não têm argumentos pra defender a música horrorosa que fazem, aí inventaram essa bobagem. O problema é que ninguém nunca fez isso, muita gente me disse que eu era louca, que isso arrastava multidões, mas eu quero ver se no dia que as prefeituras começaram a colocar bandas que valorizem a mulher se vão sentir falta dessas aí, não vão nem lembrar, esse projeto hoje é discutido no Brasil todo, eu recebo diversos e-mails apoiando, foi um grito que estava preso na garganta... estão me ameaçando até de morte e eu estou pouco ligando pra isso... não tive medo nem da ditadura, quanto mais de gente que produz baixaria”, finaliza a corajosa deputada.

 Fonte: Revista Muito


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