quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

SPM lança, nesta 4ª feira, prêmio “Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável”



Trinta grupos e organizações produtivas ganharão troféus e as dez experiências mais pontuadas receberão R$ 20 mil. Inscrições começam a ser aceitas a partir desta quarta-feira (19/12) e se encerrarão em 1º de fevereiro de 2013.


Experiências de grupos e organizações produtivas do campo e da floresta serão reconhecidas pelo Prêmio “Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável”, publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (19/12). Organizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), o concurso destacará 30 iniciativas com o troféu “Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável”. As dez experiências, que obtiverem maiores pontuações, receberão R$ 20 mil cada uma.

A premiação pretende dar visibilidade ao trabalho das mulheres do campo e da floresta, por meio de suas organizações produtivas, no fortalecimento da sustentabilidade econômica, social e ambiental, e geradoras da segurança e soberania alimentar no País. Foca na produção e na disseminação de conteúdos que subsidiem o fortalecimento da Política Nacional para as Mulheres com participação e controle social.
“Esse prêmio vai reconhecer parte significativa do trabalho que as mulheres fazem para que o Brasil seja um país sustentável. Com isso, precisamos avançar no debate sobre políticas públicas para a igualdade de gênero no campo e na floresta”, explica a secretária de Avaliação de Políticas e Autonomia Econômica das Mulheres da SPM, Tatau Godinho.

As inscrições podem ser feitas, a partir desta quarta-feira (19/12) até 1º de fevereiro de 2013, pelo endereço eletrônico www.spm.gov.br ou pela via postal para: Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM-PR) – Prêmio “Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável”, Via N1 Leste s/nº, Pavilhão de Metas, Praça dos Três Poderes, Zona Cívico-Administrativa, CEP: 70.150-908, Brasília-DF. Pelos Correios, o prazo limite para envio é 31 de janeiro de 2013.

Poderão ser inscritas trajetórias e experiências que se destacam pela viabilidade econômica, social, cultural e ambiental de grupos de mulheres que integram organizações produtivas, associações e/ou cooperativas. É necessário que essas instituições sejam compostas por um mínimo de 70% de mulheres e tenham presença feminina na direção geral. A cerimônia de entrega da premiação acontecerá em 8 de março de 2013, Dia Internacional da Mulher, em Brasília.

Realizado pela SPM, o concurso tem como parceiros o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Social (Seppir) e o Banco do Brasil.

Acesse aqui o edital Prêmio “Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável” publicado no Diário Oficial da União.



Assessoria de Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM
Presidência da República – PR

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Está no ar o portal “Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha”


Disponível no endereço www.compromissoeatitude.org.br, ferramenta é parte da campanha “Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha – A Lei é mais forte” e pretende subsidiar operadores e operadoras de justiça nos casos de crimes praticados contra as mulheres.


Está disponível para operadores e operadoras da justiça um novo instrumento para o trabalho e fonte segura de dados sobre violência contra as mulheres. É o portal Compromisso e Atitude, que pode ser acessado por meio do endereçowww.compromissoeatitude.org.br, que reúne doutrinas, jurisprudências, estatísticas e artigos sobre a violência doméstica e familiar e a Lei Maria da Penha.

O lançamento do novo portal ocorreu dia 14/12, em Curitiba, como resultado da parceria do governo federal, por intermédio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) e do Ministério da Justiça, e o sistema de Justiça. Na mesma solenidade, foi lançada a campanha "Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha - A Lei é mais forte" na região sul, completando o ciclo de mobilizações regionais iniciado em agosto passado.

“A campanha Compromisso e Atitude é uma das mais importantes ações da SPM contra a impunidade nos crimes de violência contra as mulheres. De 1980 a 2010, foram assassinadas mais de 92 mil mulheres, sendo 73% ocorrerem dentro da residência e 92% cometidos por companheiros, cônjuges ou namorados das vítimas. Isso faz com que o Brasil seja o 7º país no ranking mundial de assassinatos de mulheres”, disse a chefe de Gabinete da SPM, Linda Gourlart, ao anunciar a ativação do portal Compromisso e Atitude.

Ela apontou a complexidade da violência de gênero e a urgente necessidade de envolvimento do poder público e da sociedade. “A violência contra a mulher não tem distinção de classe, segmento social, cor ou etnia. O enfrentamento cotidiano à violência contra as mulheres no nosso país tem três fases indivisíveis: gênero, raça e classe social; mulheres, negras e pobres, em sua grande maioria. Só será possível erradicar a violência contra a mulher com uma mudança de valores e comportamentos na sociedade brasileira, para que ela se torne mais justa baseada no respeito, na autonomia e na igualdade entre homens e mulheres”, considerou Linda Gourlart.

Além de notícias, informações sobre a legislação referente à violência contra a mulher, o portal Compromisso e Atitude possibilita o acesso a convenções e tratados internacionais, normas, recomendações e manuais. A jurisprudência apresenta decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ). No item estatística, as pessoas interessadas obterão dados nacionais e internacionais de casos de violência contra as mulheres. Casos emblemáticos de assassinatos e outros crimes contra brasileiras estão postados na Justiça em Ação, e, em Serviços, operadores e operadoras de justiça encontrarão políticas públicas para o enfrentamento a esse tipo de violência.   

Ranking da violência contra a mulher - O Paraná foi escolhido para representar a região, no lançamento da campanha, por ocupar a terceira posição em assassinato de mulheres, de acordo com o Mapa da Violência 2012, do Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos e do Ministério da Justiça. O objetivo da campanha é dar celeridade aos julgamentos dos casos, garantir a correta aplicação da Lei Maria da Penha e mobilizar operadores e operadoras da justiça e toda sociedade brasileira para o enfrentamento da violência contra as mulheres.

O ato de lançamento do portal e da campanha “Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha – A lei é mais forte”, no Paraná, marcou o fim da primeira fase da campanha que contou com o lançamento da campanha nas outras quatro regiões do Brasil: Sudeste (Espírito Santo, que ocupa o primeiro lugar em assassinatos de mulheres, de acordo com o Mapa da Violência 2012), em agosto passado. Nordeste (Alagoas - 2ª posição), Norte (Pará - 4ª posição), e Centro Oeste (Mato Grosso do Sul - 5ª posição) fizeram eventos regionais da campanha nos meses de novembro e dezembro.

Campanha - A “Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha” conta com a veiculação de filme publicitário em emissoras de TV aberta, com mídia gratuita, e segmentadas, anúncio em portais de internet e ação em redes sociais. As ações de comunicação foram concentradas por ocasião dos seis anos da Lei Maria da Penha, em agosto, e dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, em novembro e dezembro.

Sob a coordenação da SPM-PR, a "Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha - A lei é mais forte" reúne o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria de Reforma do Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público, o Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça, o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Justiça e o Conselho Nacional de Defensores Públicos Gerais.



Assessoria de Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM
Presidência da República – PR



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Inscrições para o Prêmio “Mulheres Negras contam sua História” podem ser feitas até 25 de janeiro


"Mulheres Negras contam sua História" vai premiar cinco melhores redações com R$ 5 mil. Cinco candidatas selecionadas na categoria “Ensaio” receberão R$ 10 mil. Segue aberto até 25 de janeiro de 2013 o período de inscrição para o prêmio "Mulheres Negras contam sua História", da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). “Nossa pretensão é que as mulheres negras escrevam e possam trazer subsídios para a elaboração de políticas públicas”, afirmou a ministra Eleonora Menicucci, da SPM, no ato de anúncio da chamada pública, ocorrido durante os atos alusivos ao Dia Nacional da Consciência Negra.

O público-alvo do concurso é formado por mulheres autodeclaradas negras. Elas  poderão participar com redações e ensaios, contar a história e a vida das afro-brasileiras na construção do país. O prêmio possui duas categorias: "Redação", com texto de no mínimo 1.500 até o máximo de 3.000 caracteres, e "Ensaio", com textos de 6.000 a 10.000 caracteres. Serão premiadas as cinco melhores redações com R$ 5 mil,  e as cinco candidatas selecionadas na categoria “Ensaio” receberão R$ 10 mil.

O prêmio é uma iniciativa da SPM no resgate do anonimato das mulheres negras como sujeitos na construção da história do Brasil. O objetivo é estimular a inclusão social das mulheres negras por meio do fortalecimento da reflexão acerca das desigualdades vividas pelas mulheres negras no seu cotidiano, no mundo do trabalho, nas relações familiares e de violência e na superação do racismo.

Formas de participação - As inscrições estão abertas desde 21 de novembro de 2012 e se encerrarão em 25 de janeiro de 2013. Somente mulheres autodeclaradas negras podem participar do concurso.

As inscrições somente serão aceitas mediante o envio dos textos, em formato de texto, nas categorias "Redação" e "Ensaio". Deverão ser efetuadas pelo endereço: www.premiomulheresnegras@spmulheres.gov.br <http://www.premiomulheresnegras@spmulheres.gov.br> ou postadas pelo correio para o endereço: Prêmio Mulheres Negras contam sua História - Secretaria de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República - Praça dos Três Poderes Via N1 Leste, s/n Pavilhão das Metas. CEP 70150-908 Brasília - DF.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

“Os homens que agridem as mulheres foram educados para isso”

Tony Porter é um senhor negro e alto, com uma voz poderosa e sotaque carregado. Ele cresceu no subúrbio de Nova York, entre o Bronx e o Harlem, bairros conhecidos pelos altos índices de violência. O cargo de conselheiro da Casa Branca na Comissão sobre Violência contra as Mulheres e Meninas é apenas uma de suas atividades. Porter fundou a organização não-governamental “A Call to Men” (“Um chamado para os homens”, em tradução livre), que convoca os homens a uma mudança cultural para redefinir o conceito de masculinidade. O objetivo é que eles se engajem e não apenas assistam ao debate promovido pelas mulheres. A primeira missão que o projeto propõe é quebrar os estereótipos impostos pela sociedade.
Homens não precisam ser valentes nem esconder suas emoções, diz ele. Ativista internacionalmente reconhecido, ele palestrou sobre isso no TED (plataforma digital que reúne milhares de vídeos com personalidades e ativistas). No dia a dia, Porter leva seu discurso para colégios, universidades, comunidades, empresas e toda espécie de evento. Ele esteve no Rio de Janeiro, na terça-feira passada, a convite do fórum “Mulheres Reais que Transformam”. Único homem a subir ao palco, foi aplaudido de pé pela plateia.
Ele também atua como consultor da série de televisão “Law & Order: Special Victims Unit”, cujo roteiro tem tramas policiais envolvendo abuso sexual e violência contra mulheres. Gentil e espirituoso, Porter tem 60 anos, é casado, e tem um casal de filhos adolescentes. Porter conversou com ÉPOCA sobre seu projeto de vida em prol das mulheres: “Sempre fui o garoto da mamãe”.


ÉPOCA – O senhor cresceu na periferia de Nova York. O que a sua família e sua comunidade lhe ensinaram sobre ser homem?

Tony Porter – Aprendi o que a maioria dos homens aprende: as mulheres devem nos obedecer, elas são frágeis e têm menos valor. Morei nos bairros do Harlem e do Bronx, onde existia muita violência doméstica. Todo mundo sabia que o vizinho agredia a mulher, mas isso “não era da conta de ninguém”. Era comum a ideia de que cada um age como quer dentro de casa, com a própria família. Eu ouvia comentários do tipo “se ela está apanhando, deve ter feito por merecer”. Cresci rodeado de homens bons, que amavam suas mulheres, mas que não se davam conta de que seu comportamento de inferiorizá-las perpetuava a violência. Eles só estavam fazendo o que os homens sempre fizeram.

ÉPOCA – Aquilo que o senhor chama de "papel", "caixa do homem”?

Porter – Exatamente. Desde meninos, os homens são ensinados a ser agressivos, dominadores, protetores, poderosos, fortes, valentes. A não demonstrar sentimentos e emoções. Você nunca vê um homem dizendo que está com medo de algo. No máximo, ele está “preocupado”. Isso é uma bobagem! É claro que também nos sentimos acuados, mas é como se o mundo não pudesse desconfiar. Não podemos mostrar tristeza ou frustração. Essa ideia de que não devemos temer nada é devastadora para a saúde mental dos homens. Somos ensinados a não extravasar e ficamos mais estressados por isso. Não é à toa que vivemos menos anos que as mulheres.

ÉPOCA – Como seu pai reagia quando o senhor chorava?

Porter – Não lembro! (risos) Porque eu não podia chorar muito. Mas sempre fui o garoto da mamãe, pude alimentar o lado gentil e amoroso. A única vez em que vi meu pai chorar foi na morte do meu irmão, que ainda era adolescente. Estávamos sozinhos quando aconteceu, ele não se permitiu fazer isso na frente da minha mãe e das minhas irmãs. Então ficou tão envergonhado que se desculpou comigo. Ele me aplaudia por não estar aos prantos, dizia que eu era muito forte. Mas eu chorei depois, sim, escondido.

ÉPOCA - Quando o senhor virou um ativista contra a violência sofrida pelas mulheres?

Porter - Há uns vinte anos, quando eu era diretor de um programa de tratamento em álcool e drogas de um hospital. As mulheres da comunidade sofriam violência doméstica, falavam de seus problemas e procuravam abrigo. Resolvi me voluntariar para trabalhar também com infratores, homens que agrediam suas mulheres em casa. Entendi que precisávamos educar os infratores, mas que eles estavam funcionando de acordo com a definição de masculinidade aprendida em sociedade. Comecei a refletir: por que estamos tratando apenas os caras maus? Ao perceber que todos os homens precisam ter outra mentalidade e propagar uma ideia de mundo mais justo, fundei com um amigo o projeto “A Call to Men” (“Um chamado para os homens”).

ÉPOCA – As mulheres também educam seus filhos com base nesse conceito de masculinidade. Nesse sentido, elas são responsáveis pela violência de que são vítimas?

Porter - Responsáveis, não. Mas elas contribuem para isso. O que acontece é que as mães tentam criar os filhos baseadas naquilo que os homens respeitam. Para que essa criança possa se encaixar no futuro. Homens não respeitam choro, você tem que ser forte. Elas não fazem por mal, mas estão educando de forma errada.

ÉPOCA – Como podemos mudar esse cenário?

Porter – Eu proponho que os homens sejam pró-ativos e comecem a dar atenção às próximas gerações de homens. Eles precisam pensar no que é importante não através dos olhos dos nossos meninos, mas das meninas. Que tipo de homem você quer para a sua filha? É esse tipo de homem que você tem a missão de desenvolver em casa. Não é um passe de mágica, não basta dizer “esse é o homem que espero do futuro” ou “é assim que imagino que os homens se comportem daqui a uns anos”. É um grande desafio.

ÉPOCA – Que tipo de homem o senhor desejaria para a sua filha?

Porter – Um homem gentil, carinhoso, amoroso. Alguém que a respeite, que considere suas opiniões. Como é isso que eu quero para ela, faço o papel de ensinar sobre como é possível ser um homem assim. Esse tipo de discussão não vem espontaneamente à cabeça dos jovens e meninos, nós precisamos conversar com eles sobre isso. Fomos ensinados, de muitas formas, a nos interessar pouco pelas experiências e sentimentos das mulheres. Você não pode ser um garoto com várias amigas sem que isso envolva sexo ou seu pai pergunte: “Então, você está a fim de qual delas?”. Meu trabalho é fazer com que as pessoas reflitam, voltem para casa e modifiquem a forma como estão educando seus filhos.

ÉPOCA – Além da violência física, as mulheres são vítimas de agressão verbal, abuso psicológico... Nesses casos, elas parecem não procurar ajuda. Por quê ?

Porter - Violência verbal, emocional ou psicológica não é ilegal. Se o seu marido humilha você com palavras, em casa ou publicamente, ele não será preso. A polícia não fará muita coisa a respeito. Então as mulheres nem procuram ajuda porque sabem que não vai adiantar. Isso contribui ainda mais para que a violência piore e alcance o status físico.

ÉPOCA - Colocar esses homens agressores na cadeia é a solução?

Porter - Prisão não vai acabar com o problema. A solução passa por algo bem mais complexo: significa educar os homens para serem melhores, desafiá-los a pensar de forma diferente. A violência é fruto de uma equação que ensinamos a esses meninos: desvalorizar a mulher, tratá-la como propriedade e objeto. Eles não são doentes, não precisam de tratamento psiquiátrico. Estão apenas fazendo aquilo que ensinaram a eles desde menino. A sociedade sempre permitiu que ele se comportasse desse jeito.

ÉPOCA – Como educá-los, então?

Porter – A primeira coisa é fazer com que eles entendam que essa ideia doentia de masculinidade é a base da violência doméstica e sexual. Os homens precisam analisar suas crenças individuais, reconhecer posturas que reforçam a desvalorização da mulher e desafiar esses hábitos. Por exemplo: ficar em silêncio diante de uma agressão, seja ela qual for, é concordar com esse comportamento. A violência não tem relação com doença mental, falta de habilidade para lidar com raiva, dependência química ou estresse. Ela está relacionada ao tradicional domínio masculino. Enquanto os homens não aceitarem isso, tomando para si a responsabilidade de promover uma mudança cultural e social, meninas e mulheres continuarão sendo vítimas.

ÉPOCA – No Brasil, é comum que as mulheres façam o boletim de ocorrência apenas como instrumento de ameaça. Muitas se arrependem, retiram a queixa na delegacia e voltam a ser agredidas. Por que é tão difícil largar um parceiro violento?


Porter – Vou responder com outras perguntas. Porque, muitas vezes, essa mulher pede ajuda e fazemos com que ela se sinta envergonhada, em vez de realmente acolhê-la e apoiá-la. Por que ela tem que se explicar como se fosse culpada pela violência sofrida? Chamo isso de “revitimizar” a mulher. Além da violência vivida em casa, ela procura por ajuda em uma instituição e se torna vítima pela segunda vez.


Fonte: Revista Época

domingo, 25 de novembro de 2012

Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres



Hoje, 25 de novembro, é o Dia Internacional para o Fim da Violência contra as Mulheres. Este dia é comemorado desde 1981. A data é uma homenagem às irmãs Mirabal, ativistas políticas assassinadas pela ditadura de Leonidas Trujillo, na República Dominicana, em 25 de novembro de 1960.

No Brasil, como afirma a Campanha Mulheres e Direitos, a cada 5 minutos uma mulher é agredida. Em 80% dos casos, o agressor é o marido, companheiro ou namorado. A violência contra a mulher é uma violação aos direitos humanos, vamos Quebrar o Ciclo da Violência à Mulher!

Leia a mensagem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, para a data:

"Milhões de mulheres e meninas em todo o mundo são agredidas, espancadas, estupradas, mutiladas ou até mesmo assassinadas, atos que constituem violações atrozes dos direitos humanos. Do campo de batalha para a casa, nas ruas, na escola, no local de trabalho ou na sua comunidade, cerca de 70% das mulheres sofrem de violência física ou sexual em algum momento de sua vida. Um quarto de todas as mulheres grávidas é afetado.
Muitas vezes, os perpetradores ficam impunes. Mulheres e meninas têm medo de falar por causa de uma cultura de impunidade. Devemos combater o sentimento de medo e vergonha que pune as vítimas, que já sofreram o crime e agora enfrentam o estigma. São os criminosos que devem se sentir desonrados, e não as suas vítimas.
A minha campanha ‘UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres’ está atraindo e envolvendo governos, organizações internacionais, grupos da sociedade civil, meios de comunicação e cidadãos comuns. No ano passado, quando a UNA-se perguntou a jovens de todo o mundo como eles pretendiam ajudar a promover esta importante causa, fiquei muito animado com as respostas.
Muitos jovens pediram o fim da ignorância. Eles disseram que não devemos tolerar atitudes negativas. Eles exigiram que levantemos nossas vozes para promover os direitos humanos, e juntemos forças para ajudar as vítimas. Um jovem disse simplesmente que os meninos poderiam combater a violência contra as mulheres “crescendo para se tornarem pais responsáveis e maridos respeitadores”.
A ONU está trabalhando em todas essas frentes. Estamos sensibilizando as pessoas através de programas de informação pública. O Fundo das Nações Unidas para Eliminar a Violência contra as Mulheres só este mês anunciou planos de desembolsar 8 milhões de dólares para iniciativas locais em 18 países. Membros da minha crescente Rede de Homens Líderes estão fazendo face à violência através da sensibilização pública, defendendo melhores leis e a responsabilização dos governos.
À medida que construímos sobre estes esforços, devemos opor-nos fundamentalmente à cultura de discriminação que permite que a violência continue. Neste Dia Internacional, apelo a todos os governos que cumpram suas promessas para acabar com todas as formas de violência contra as mulheres e meninas em todas as partes do mundo, e exorto todos a apoiar este importante objetivo."

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Na Semana da Consciência Negra, SPM abre concurso de redações e ensaios sobre história das afro-brasileiras




"Mulheres Negras contam sua História" vai premiar cinco melhores redações com R$ 5 mil. Cinco candidatas selecionadas na categoria “Ensaio” receberão R$ 10 mil. Inscrições poderão ser feitas no período de 21 de novembro de 2012 a 25 de janeiro de 2013.Clique aqui para acessar a íntegra da chamada pública.

A partir desta quarta-feira (21/11) estará aberto o período de inscrição para o prêmio "Mulheres Negras contam sua História", da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). “Nossa pretensão é que as mulheres negras escrevam e possam trazer subsídios para a elaboração de políticas públicas”, afirmou a ministra Eleonora Menicucci, da SPM, no ato de anúncio da chamada pública, ocorrido na segunda-feira (19/11), em Brasília.

O público-alvo do concurso é formado por mulheres autodeclaradas negras. Elas  poderão participar com redações e ensaios, contar a história e a vida das afro-brasileiras na construção do país. O prêmio possui duas categorias: "Redação", com texto de no mínimo 1.500 até o máximo de 3.000 caracteres, e "Ensaio", com textos de 6.000 a 10.000 caracteres. Serão premiadas as cinco melhores redações com R$ 5 mil,  e as cinco candidatas selecionadas na categoria “Ensaio” receberão R$ 10 mil.

O prêmio é uma iniciativa da SPM no resgate do anonimato das mulheres negras como sujeitos na construção da história do Brasil. O objetivo é estimular a inclusão social das mulheres negras por meio do fortalecimento da reflexão acerca das desigualdades vividas pelas mulheres negras no seu cotidiano, no mundo do trabalho, nas relações familiares e de violência e na superação do
racismo.

Inscrições - As inscrições estarão abertas no período de 21 de novembro de 2012 a 25 de janeiro de 2013, e são destinadas somente às mulheres negras. As inscrições somente serão aceitas mediante o envio dos textos, em formato de texto, nas categorias "Redação" e "Ensaio". Deverão ser efetuadas pelo endereço: www.premiomulheresnegras@spmulheres.gov.br<http://www.premiomulheresnegras@spmulheres.gov.br> ou postadas pelo correio para o endereço: Prêmio Mulheres Negras contam sua História -  Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República - Praça dos Três Poderes Via N1 Leste, s/n Pavilhão das Metas. CEP 70150-908 Brasília - DF.

Racismo e sexismo - Apesar dos avanços ocorridos na última década decorrentes dos governos Lula e Dilma, ainda persistem duas fontes de desigualdade social: por gênero e por raça/etnia.  Os mecanismos de discriminação e segregação são complexos, mas neste Dia Nacional da Consciência Negra a SPM lança a chamada pública do Prêmio “Mulheres Negras Contam sua História” no intuito de que as histórias e ensaios que as afro-brasileiras escreverão possam gerar subsídios para combater as fontes de desigualdades e alterar comportamentos sociais sustentados pelo preconceito racial e de gênero.  

Em 2011, pretos e pardos alcançaram 51,3% da população brasileira. No entanto, pretos e pardos são mais de 65% dos pobres do país. Entre os 10% mais pobres cerca de 71% são negros e negras. Entre os 10% mais ricos da sociedade brasileira, a população negra representa apenas 19% deste contingente (PNAD/IBGE, 2009).

Nas últimas três décadas universalizou-se o ensino fundamental no Brasil, mas isto não garantiu o acesso igual da população a escola. De acordo com o 4º Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, produzido pela SPM, Seppir, Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e ONU Mulheres, a distorção idade-série aumenta de acordo com o avançar das séries e o nível de ensino.

No ensino médio, a taxa de distorção idade série atingiu 41,0% dos jovens negros, contra 26,9% dos jovens brancos. No entanto, 38,2% eram jovens negras, contra 24,1% das mulheres brancas jovens. Em 2009, a taxa de escolarização de mulheres brancas no ensino superior foi de 23,8%, enquanto, entre as mulheres negras, esta taxa era de apenas 9,9%.

Acesse aqui a íntegra do 4º Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, para conhecer mais dados desagregados por sexo e raça com base na PNAD 2009.

Fonte:
Assessoria de Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM
Presidência da República – PR
61 3411 4214 / 4228 / 4229 / 5807 / 5887             

terça-feira, 20 de novembro de 2012

20 de novembro: Dia Nacional da Consciência Negra.



Hoje, 20 de novembro, é o Dia Nacional da Consciência Negra. Um momento de reflexão e reiteração da necessidade da luta para superação de desafios vivenciados pela população negra no Brasil, como a discriminação racial e a violência. As mulheres negras brasileiras encontram-se em situação de extrema vulnerabilidade pela conjugação do sexismo e do racismo. Elas têm menor escolaridade em relação às mulheres brancas, são maioria entre os desempregados, ocupam atividades econômicas mais precárias e têm menor acesso à saúde. Tais problemas impactam o dia a dia das mulheres negras no Brasil, sendo urgente a adoção de políticas públicas que garantam mais direitos e consequente cidadania às mesmas. Lembrando que a Lei Maria da Penha assegura a todas as mulheres oportunidades para viver uma vida sem violência, preservando sua saúde física e mental e aperfeiçoamento moral, intelectual e social, independente de raça, etnia, classe social, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião.

Segue abaixo artigo sobre o Quilombo dos Palmares e o ideal de libertação do povo negro, extraído das redes sociais:

A população negra em nosso país tem como referência principal A LUTA DO QUILOMBO DOS PALMARES pela construção de uma sociedade alicerçada na ética, na justiça, na liberdade, uma sociedade mais humana. Desde o início de nossa história os negros são tratados com inferi
oridade, sem direitos e relegados a uma vida indigna e desumana. Ainda hoje, os povos negros têm dificuldade em mostrar o seu valor, de serem sujeitos históricos de suas realidades na arte, na cultura, na mídia, na política... na sociedade. Apesar da discriminação, da exclusão – indiferença – existem expressões fortes da cultura afro, que resistem e persistem, no seio das manifestações sociais do Brasil.

Sou negro, sou lindo, sou cidadão.

“Ei, Zumbi, Zumbi Ganga meu rei, você não morreu, você está em mim!” Este canto de esperança é um grito, um clamor a Zumbi dos Palmares, herói não apenas dos negros, mas de todo o povo brasileiro. E por quê? A LIBERDADE é o grito do Quilombo dos Palmares, é a autenticidade da luta negra, dos negros escravos da senzala... IGUALDADE é o brado forte dos tambores, atabaques e batuques, cantada e esperançada no sangue derramado, na ternura e resistência pela humanidade negra.
Zumbi e todos que se inquietaram e se inquietam; não se calaram, não se calam; não se omitiram, não se omitem; que acreditaram e acreditam; que doaram e doam suas vidas, na luta pela liberdade e igualdade são os atores que fazem a gente, o Brasil a se reencontrar com a nossa identidade negra.
O Brasil ainda está longe de assegurar direitos iguais a todos os seus cidadãos. A ideia que vivemos em um país livre do racismo, a chamada “democracia racial” tão defendida por Gilberto Freyre não existe. Segundo o sociólogo e antropólogo brasileiro a miscigenação entre brancos, negros e índios fora a maneira encontrada pelo país para viabilizar a convivência pacífica e harmoniosa entre as diferentes raças (FREYRE, 2006). O mito da democracia racial esconde nos “porões da história”, os processos de exclusão e de marginalização dos negros na sociedade brasileira.
Podemos destacar a sub-representação da população negra no poder do Estado nas suas várias esferas e as desigualdades sócio-raciais. A dimensão política da desigualdade racial está estreitamente ligada e exclusão da população negra dos espaços de poder e consequentemente das decisões sobre o destino dos esforços e bens coletivos.Com relação às posições de poder no âmbito da justiça, por exemplo, que entre “o grupo formado por juízes e desembargadores federais, aproximadamente 7% se declararam pretos ou pardos, sendo que 14% dos bacharelados se declararam negros” (PNUD, 2005: 48). Na esfera estatal “é visível que os negros não conseguem fazer prevalecer suas necessidades em muitas políticas públicas, pois estão sub-representados em todas as posições de poder” (Ibdem, 2005: 50).
Na economia e no mercado de trabalho é evidente a exclusão dos negros. Segundo o Pnad de 2003, em torno de 46% da População Economicamente Ativa (PEA) e 48% dos que atuam por conta própria eram profissionais negros, porém emergem desigualdades na representação proporcional com relação à atividade produtiva, pois os negros estão sobre-representados nos nichos de mercado menos valorizados, como construção civil, comércio ambulante e setor de serviços, que envolvem trabalhos manuais e pesados. No comércio não-ambulante entre as profissões liberais e no ramo de serviços auxiliares de atividades econômicas, que agregam trabalhos e ocupações mais valorizados pela sociedade, estão sub-representados, independente da região (Ibdem, 2005:51).
No que tange a presença das pessoas negras nos cargos de direção e gerência das 500 maiores empresas do país, em 2003 no nível mais elevado das hierarquias (executivo) dessas companhias apenas 1,8% dos funcionários era negro. Nos cargos de gerência, chefia e todo quadro funcional 8,8%; 13,5% e 23,4% respectivamente.

Nesse sentido, quanto mais se avança rumo ao topo das hierarquias de poder, mais a sociedade brasileira se torna branca, este em todos os espaços decisivos para a formação e manutenção de poder. Portanto, esta realidade se configura em uma situação que contribui na persistente desigualdade racial no desenvolvimento humano brasileiro, resultado histórico de uma discriminação dos brancos contra as pessoas de fenótipo africano.
Na sociedade brasileira, a ausência de políticas públicas e sociais direcionadas aos descendentes de escravos e escravas contribuiu para deixá-los na pobreza.
Pobreza não apenas de renda, mas pobreza humana (...) a pobreza humana não enfoca o que as pessoas possuem ou deixam de possuir, mas o que elas podem ou não fazer. É a privação das capacidades mais essenciais da vida, incluindo desfrutar de uma vida longa e saudável, ter acesso ao conhecimento, ter recursos econômicos adequados para uma vida digna e poder participar da vida comunitária, defendendo seus interesses (PNUD, 2005: 57).
A diferença entre o desenvolvimento humano da população branca e o da população negra do Brasil está ligada, sobretudo à renda:
Embora os negros representem 44,7% da população do país, sua participação chega a 70% entre os 10% mais pobres e seus rendimentos, somados, correspondem a 26% do total apropriado pelas famílias brasileiras. Em 2003, os homens brancos ganhavam em média 113% mais que os homens negros, e as mulheres brancas, 84% mais que as mulheres negras (PNUD, 2005: 60).Em 1888, os negros foram libertados da escravidão. Libertados? Deixaram de ser escravos dos senhores de engenho, mas se tornaram filhos rebentos da nação sem nenhuma política social, indenizações que permitisse o mínimo de integração e direitos sociais: foram jogados à rua, nas favelas, nos bolsões de miséria, sem casa, saúde, trabalho, educação... os negros são maioria nos presídios e nas favelas, são a maioria dos analfabetos e recebem os menores salários. O Brasil tem um legado: resolver o seu passado!
O debate sobre a temática racial no Brasil deve ser realizado amplamente e apesar do abismo existente entre negros e brancos temos conquistas, principalmente no campo das políticas de identidade e de reconhecimento. O estabelecimento do 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra e o reconhecimento de Zumbi dos Palmares como herói nacional são um exemplo. Há também a Lei nº 10.639/2003, que inclui, no currículo escolar, o ensino da história afro-brasileira, bem como a valorização da estética e da cultura negra. Ampliou-se o diálogo com o Estado na luta por direitos, incluindo na agenda nacional o reconhecimento e o combate às profundas desigualdades sociais entre negros e brancos, com a adoção das políticas de ações afirmativas.
Os desafios são grandes: aglomerar um maior número de ativistas que provenham das classes populares, bem como reforçar a importância do movimento negro e aumentar a sua participação nos espaços de decisão. Outro ponto a ser enfrentado é a questão das cotas nas universidades e, consequentemente a construção de uma agenda que privilegie a luta a favor dos direitos humanos que seja direcionada contra a pobreza, a violência e o racismo no Brasil.

Zumbi, liderando o Quilombo dos Palmares, foi um herói negro das Américas. Palmares é a chama, é o sonho, é a esperança apagada na História dos livros, mas arde em nossos peitos, corações, sentimentos, ideais e almas no nosso caminhar. O 20 de novembro é o nosso símbolo de liberdade, o sonho que deve ser buscado até que o Brasil reconheça de fato todos os brasileiros.
“Ei, Zumbi, nessa terra fértil, outros como você também tombaram ao chão (...) e muitos tombarão, enquanto houver luta pela libertação”.

Axé, Resistência e Compromisso!

Mário Henrique Lopes Moura
Especialista em Educação Especial, Pedagogo e Professor de Ensino Religioso, militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP).
mario_pedagogia@hotmail.com

Referências:

O BRASIL. Relatório de Desenvolvimento Humano – Brasil 2005: racismo, pobreza e violência. PNUD: Brasília-DF, 2005.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 50 ed. Global: São Paulo, 2006.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Campanha vai incentivar qualificação profissional de mulheres


Objetivo do governo federal é fazer com que elas busquem capacitação em setores que estão crescendo, como a construção civil e a indústria.
Para incentivar o público feminino a buscar cursos de capacitação e qualificação profissional em setores que estão crescendo, como construção civil, indústria e informática, o governo federal vai lançar a ação Mulheres que Inovam - Campanha de Qualificação pelo Programa Nacional de Acesso Técnico e Emprego (Pronatec) Brasil Sem Miséria, nesta segunda-feira (12) em cerimônia no Palácio do Planalto.
As ministras do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello e da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci, participam da solenidade. Durante o evento será lançado comercial para TV voltado às mulheres que buscam qualificação profissional e novas oportunidades de trabalho, em áreas tradicionalmente ocupadas pelo sexo masculino.
"Queremos romper com velhos preconceitos, como a de que trabalho feminino é leve e complementar ao masculino, ou ainda ligado aos afazeres domésticos", assinala a ministra Eleonora Menicucci, da SPM. Acrescenta que, ao se capacitarem para operação de máquinas e desenvolverem suas competências técnicas, as mulheres ampliam as suas possibilidades profissionais e de novos empregos, além da melhoria salarial. De acordo com Eleonora Menicucci, a SPM atua para inserir as mulheres no mercado de trabalho formal e para superar as desigualdades sociais existentes no mundo do trabalho.

Cerimônia - Além de ministras, ministros, representantes do setor empresarial e parlamentares, a cerimônia do lançamento da campanha contará com a presença de mulheres que concluíram cursos do Pronatec em Aparecida de Goiânia-GO e Juazeiro do Norte em algumas dessas áreas não tradicionais.

Durante o evento, com início às 11h, no Salão Leste do Palácio do Planalto, representantes da Rede Globo entregarão às ministras Eleonora Menicucci e Tereza Campello, do MDS, um vídeo que será veiculado pela emissora, incentivando as mulheres a participarem de cursos mais comumente frequentados por homens. 
Pronatec - O Pronatec Brasil Sem Miséria coordena a oferta de vagas de qualificação profissional para população em situação de extrema pobreza.
São cursos de formação inicial e continuada voltados à inserção no mercado de trabalho. Atualmente, as mulheres representam cerca de 70% de seus alunos. No primeiro ano do Plano Brasil Sem Miséria, completado em junho passado, o programa ofereceu vagas em cerca de 190 cursos em 877 municípios de todo o país. Auxiliar administrativo, operador de computador, eletricista instalador predial de baixa tensão, recepcionista e costureiro estão entre os cursos mais procurados pelo público do Pronatec. Até agora já foram feitas mais de 230 mil matrículas, em todo o  país.


 Lançamento: Mulheres que Inovam - Campanha de Qualificação pelo Pronatec
Data: 12 de novembro de 2012 (segunda-feira) Horário: 11h Local: Palácio do Planalto - Salão Leste (Praça dos Três Poderes) – Brasília/DF Informações: (61) 3411 5889 / 4201/ 4290

 Assessoria de Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM
Presidência da República – PR
www.spm.gov.br

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

SPM abre chamada pública para pesquisa acadêmica sobre direitos das mulheres



Estudo científico será viabilizado mediante parceria da SPM com universidades federais para análise de banco de dados da Ouvidoria da Mulher, composto por mais de 5 mil processos. Edital prevê aporte de R$ 100 mil para realização de pesquisa.
A partir do dia 01/11 até 15 de dezembro, a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) estará recebendo propostas para realização de pesquisa sobre a garantia de direitos das mulheres e a evolução das políticas para a igualdade de gênero no Brasil. O material a ser analisado faz parte do banco de dados da Ouvidoria da Mulher, da SPM, composto por mais de 5 mil demandas registradas no período 2003-2012.
A pesquisa será viabilizada mediante parceria da SPM com universidades federais. O projeto de pesquisa objeto da chamada pública corresponde ao montante de R$ 100.000,00 (cem mil reais). O período de contratação é de janeiro a novembro de 2013.
As propostas deverão ser entregues ou enviadas até 15 de dezembro de 2012, no endereço abaixo:
Secretaria de Políticas para as Mulheres- aos cuidados da Ouvidoria
Endereço: Via N1 Leste S/nº, Pavilhão das Metas
Praça dos 3 Poderes
Zona Cívico-Administrativa
CEP 70150-908 - Brasília - DF
Quaisquer esclarecimentos ou informações adicionais deverão ser solicitadas por escrito ao endereço eletrônicopesquisaouvidoria@spmulheres.gov.br especificando no assunto "PESQUISA OUVIDORIA".
Base para a pesquisa - Dentre as atividades a serem desenvolvidas estão: levantar, analisar e categorizar os dados das demandas formuladas à Ouvidoria de 2003 a 2012, partindo do Manual de Tipificação da Ouvidoria; construir banco de dados da Ouvidoria avaliando o atual sistema de dados da mesma e produzindo subsídios para a instalação de um novo sistema de registro de demandas e, inclusive, desenvolvendo manual com instruções para utilização e atividades de capacitação; realizar levantamento sobre os principais marcos político-institucionais do processo de consolidação da política para as mulheres no Brasil com ênfase no Governo Federal, de 2003 a 2012; entre outras detalhadas na íntegra da chama pública.
São temas que compõem o acervo da Ouvidoria da Mulher: relações de trabalho, previdência social, comunicação e mídia, enfrentamento à violência contra as mulheres, educação e saúde. As demandas registradas se referem aos seguintes públicos: mulheres negras, mulheres indígenas, mulheres quilombolas, lésbicas, mulheres deficientes, meninas e adolescentes, mulheres rurais e brasileiras no exterior.
Acervo Ouvidoria da Mulher - Desde o início das atividades em junho de 2003 até o final de 2011, a Ouvidoria da Mulher recebeu 5.012 casos. A média de demandas recebidas no ano de 2011 foi de 109,3 casos/mês. Todavia, é importante considerar que uma mesma comunicação da demandante pode conter mais de uma demanda (solicitação de informação, reclamação sobre serviço e solicitação de intervenção, por exemplo), dando origem a diversos desdobramentos.
Os casos que a Ouvidoria recebe são, portanto, bastante complexos, pois envolvem uma dimensão que é pessoal da demandante (resposta à sua solicitação, orientação ao problema vivenciado) e uma dimensão político-institucional (análise do conjunto de demandas, elaboração de subsídios para a formulação e avaliação das políticas públicas, trabalho realizado no âmbito da Secretaria de Políticas para as Mulheres).
Os casos recebidos pela Ouvidoria estão arquivados como processos físicos (integralmente) e em forma eletrônica (parcialmente). Todos os mais de 5.000 processos constituem um rico acervo, importante fonte de pesquisas sobre as questões de gênero e políticas para as mulheres.

Assessoria de Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM
Presidência da República - PR
61 3411 4214 / 4228 / 4229 / 5807 / 5887             

SJCDH realiza Seminário em Comemoração ao Novembro Negro


Em alusão a um dos maiores heróis do povo brasileiro, a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos – SJCDH vai realizar na próxima terça e quarta-feira (06 e 07/11) no Auditório da Fundação Luís Eduardo Magalhães – FLEM no Centro Administrativo da Bahia (CAB), na capital, o 1º Seminário Luís Gama de Cidadania e Direitos Humanos.
O evento destinado a Estudantes, Professores e sociedade civil tem o objetivo de fortalecer discussões na promoção da Cidadania e Direitos Humanos no Estado da Bahia, e faz partes das comemorações do Novembro Negro, mês da consciência negra.
A abertura oficial do seminário será no dia 6/11 às 19h pelo secretário da Justiça, Almiro Sena.  No dia seguinte a partir das 8h30, os participantes terão a oportunidade de ampliar as discussões e adquirir conhecimento sobre a importância do Dia da Consciência Negra com diversos especialistas no assunto. Os palestrantes são Elias Sampaio, secretário de Promoção da Igualdade Racial- SEPROMI, João Jorge presidente do Olodum, e Hélio Santos, professor da Fundação Visconde de Cairu.
O homenageado
Luís Gonzaga Pinto da Gama nasceu na Bahia, no século 19. Patrono da cadeira nº 15 da Academia Paulista de Letras, poeta e jornalista. Como advogado, conseguiu a liberdade de mais de 500 escravos, tornando-se um dos mais combativos abolicionistas da história. É dele a frase: “Perante o Direito, é justificável o crime do escravo perpetrado na pessoa do Senhor”. Sua principal obra foi “Primeiras trovas burlescas de Getulino”, de 1859, onde se encontra a sátira “Quem sou eu?”, também conhecida como Bodarrada.

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Assessoria de Comunicação SJCDH
4ª Avenida, nº 400 – CAB
(71) 3115 - 4118/ 4159 / 3116-8549 (Procon)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Violência doméstica: identifique se você é uma vítima

De repente seu parceiro começa a controlar seu modo de vestir, as suas amizades, pede para que você deixe de trabalhar e fique em casa. Atenção, essas atitudes por vezes confundidas com cuidado e carinho podem culminar em casos de violência doméstica.
Segundo a promotora de Justiça Valéria Scarance, muitas vezes é dessa forma que os casos tendem a acontecer. 'Ciúmes e cuidado injustificado seguidos de atitudes de isolamento e depreciação são sinais de que a mulher é uma vítima em potencial da violência doméstica', observa.
Para que as mulheres fiquem alertas quanto aos sinais de que podem vir a sofrer agressões, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) distribui a cartilha 'Mulher, Vire a Página', destinada à orientação da população sobre violência.
Distribuído em locais públicos e de forma gratuita, inclusive pela internet, o material marca a criação do GEVID - Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica, do qual Valéria é secretária-executiva. O grupo tem por objetivo 'auxiliar mulheres vítimas desse tipo de violência a encontrarem meios de proteção e auxílio para saírem dessa situação'. Com atuação em toda a capital paulista, deve mapear os casos a fim de criar uma maior articulação com outros promotores e padronização de atendimento às vítimas.
A especialista promotora de Justiça Valéria Scarance explica que a violência doméstica contra a mulher acontece, em regra, em casa, e é crônica e crescente. E que algumas atitudes por parte do parceiro ajudam a identificar se você pode vir a ser ou está passando por essa situação.
Cuidados injustificados: A dominação do homem acontece aos poucos. Normalmente com orientações quanto às roupas que a mulher usa, controle de amizades, demonstrando cuidado e ciúme não justificados.

Isolamento e depreciação

Isolamento: O agressor afasta a vítima de seus amigos, da família, faz com que ela deixe o trabalho, estudos, a isola do convívio social.
Depreciação: A depreciação acontece de uma forma direta e indireta e é simples de identificar. 'Começa com piadinhas a respeito da mulher feitas, inclusive, em público, críticas e ofensas veementes. Ela já está isolada, rompeu com seu círculo de amizades, não tem fonte de renda e ainda vai passar por essa depreciação. E é nesse momento de maior fragilidade que começam as ameaças e depois as agressões', alerta a especialista.

Não confunda cuidado com dominação

A promotora de Justiça explica que a dominação 'acontece de uma forma oculta, paulatina, muitas vezes imperceptível. Pode parecer que é cuidado, amor, então fique atenta com as atitudes dele. A inversão de culpa, por exemplo, é uma característica marcante da violência doméstica'.
Inferioridade e inversão de culpa: Com a mulher já fragilizada, o homem faz com que ela se sinta inferior a ele. Mais do que isso, o homem faz a vítima acreditar que a responsabilidade da violência que está sofrendo é dela mesma. A dominação vai se exercer de tal forma que o agressor justifica para a vítima seus atos com base em alguma conduta dela. É muito comum casos de mulheres que acreditam mesmo que eles a agrediram porque elas os provocaram ao descumprirem algum dever.

Não tome para si a culpa da agressão

Segundo a especialista, 'é muito importante que a mulher possa identificar que a atitude de tomar para si a culpa da agressão é uma conduta nociva a ela, não importa se a violência é psicológica, uma ameaça ou a agressão física. Ela precisa entender que o único responsável pelo ato de violência é o agressor. Ele age dessa forma porque incorporou um padrão comportamental de violência, aprendeu que é dessa forma que ele se relaciona com as mulheres e numa situação adversa ele deve, sim, usar a violência”.

Atenção para relações de amor e ódio

A especialista promotora de Justiça Valéria Scarance lembra que outro aspecto importante de observar é que a vítima desenvolve uma relação dúbia com o agressor. 'É uma relação de amor e ódio, pois, ao mesmo tempo em que admira, o tem como companheiro, que ele é pai de seus filhos, não se conforma com a violência. E ela consegue conviver com esses dois sentimentos'.

Ciclo da violência contra a mulher

Segundo a promotora de Justiça, a violência contra a mulher ocorre de forma cíclica. 'Chamamos de 'Ciclo da Violência da Mulher' e consideramos que envolve três fases – tensão, explosão e lua de mel'.
Tensão, explosão e lua de mel: A tensão faz parte dos conflitos iniciais em que a vítima evita discordar do parceiro e toma postura omissa, pois acredita que assim evitará a agressão. Mas acontece que a agressão não deixa de acontecer, é a fase da explosão. E quando acontece essa agressão e ela tem a sensação de que não tem mais controle sobre a situação, vem a fase da lua de mel, que é quando o agressor se arrepende e pede desculpas.
Exatamente por isso que a mulher mantém relação por muito tempo com o agressor, pois ele não é violento o tempo todo. E, em regra, os agressores são primários e com bons antecedentes, trabalhadores, bons cidadãos e até religiosos. E, no fim, pedem perdão.

Denúncia X Mudança de comportamento

A especialista lembra que o fato de o agressor pedir perdão é determinante para que a mulher evite a denúncia. 'E quando denuncia, o agressor normalmente muda de comportamento e ingressa na 'lua de mel', pede perdão e convence vítima e até familiares de que mudou e nunca mais vai agir dessa forma. Por um tempo ele pode até mudar, mas normalmente volta a agredir a mulher e cada vez com maior intensidade. A violência, nesses casos, tende a ser crescente e, quanto mais ele agride, menor a possibilidade de reação da vítima. Muitas delas só procuram ajuda quando estão com a sensação de que podem morrer efetivamente.

Não hesite em denunciar

A especialista explica que as pessoas têm uma noção falsa de que a violência doméstica não é algo grave. 'Esse tipo de violência tem índice elevado, mas é difícil ser combatida por não haver testemunhas. Como disse, acontece dentro de casa, o agressor se retrata e eles ingressam na fase de lua de mel. Ainda tem o caso de a vítima ser convencida pela família a desistir da denúncia e a questão de assumir a culpa. Muitas vezes a mulher nem se vê como vítima, não tem consciência da gravidade da situação. Há casos extremos de vítimas que morrem sem esboçar nenhuma reação, oposição'.

Ajude uma vítima de violência doméstica. Denuncie!

A especialista lembra que desde fevereiro de 2011, aconteceu uma alteração importante na Lei Maria da Penha, que protege a mulher vítima de violência. Por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), entende-se agora que para os crimes de lesão corporal dolosa leve, a vítima não precisa autorizar a ação do Estado. Apesar de alguns crimes praticados contra ela dependerem do seu ‘sim’ para a efetivação do processo, no caso de lesão leve a lei pode ser aplicada sem queixa da agredida, por denúncia de terceiros e independente de ela querer ou não punir e processar o agressor.
De acordo com Valéria Scarance, um ponto positivo da lei foi a inovação quanto às medidas protetivas: 'Entre 2011 e 2012 houve um aumento de 40% de medidas protetivas, que são medidas de urgência, como, por exemplo, a determinação do afastamento do agressor, a proibição de aproximação da vítima com limite de distância, a proibição de contato por qualquer meio, a suspensão da visita aos filhos e ainda a proibição de frequentar determinados lugares, como faculdade e emprego da vítima. Essa variação no número de medidas protetivas não significa que houve um aumento da violência. O que acontece é que a lei se tornou mais conhecida e os casos passaram a se tornar públicos'.

Ajude uma vítima de violência doméstica. Denuncie!

A promotora de Justiça explica que uma mulher vítima deixar de noticiar a violência não é porque não deseja, mas porque não consegue. 'Se não há um terceiro, um amigo, autoridade que incentive e a apoie, ela não tem forças. Imagine, se nem conseguiu se opor às agressões que sofreu, como pode ter força para enfrentar inquérito policial, processo, críticas da família? Há muito sentimentos em jogo. Elas não conseguem arcar com o peso da responsabilidade de um processo, tem a questão da relação de amor e ódio, a situação financeira, o desamparo aos filhos, a exposição da família. Então, quando o Estado toma uma decisão pela vítima, muitas vezes ela se sente encorajada em relatar a agressão. Tenho visto muito em audiências mulheres que não desejavam processar o agressor, mas quando perguntadas pelo juiz se aquilo realmente aconteceu, acabam relatando o caso e ajudam no processo'.

Não aceite e nem perdoe a violência

A especialista relata que nem todos os casos terminam em homicídio, mas que não se pode descartar essa possibilidade por conta dos bons antecedentes do agressor. 'A oposição à violência é a única forma de evitá-la. Não aceite a depreciação e controle sobre você, nem ameaças e não perdoe as agressões. Essa posição que a mulher deve tomar pode evitar um mal maior'.
Outra dica da especialista para mulheres que sofreram violência e entraram com processo é que não desistam do inquérito. 'Quando a mulher é agredida e pede medida protetiva, normalmente, as agressões cessam. Ou mesmo o simples fato de ela não desistir e registra um Boletim de Ocorrência. Quando a vítima desiste do processo dá a chance de o agressor se sentir empoderado e, muitas vezes, a agressão pode vir a acontecer com maior intensidade'.

Violência doméstica não distingue condição social

Há a falsa concepção de que a violência doméstica só atinge pessoas de classe mais baixa e com baixo nível sócio-educativo, segundo a especialista. “A violência doméstica atinge todas as classes sociais e pessoas de todos os níveis culturais. Isso demonstra como a violência é um problema que merece atenção especial, considerando vítimas e agressores,” defende.

Mais sobre a cartilha “Mulher, Vire a Página”

A cartilha “Mulher, Vire a Página”, foi criada para a mulher entender se está ingressando em ciclos de violência, quais são os seus direitos e como procurar ajuda. O lançamento aconteceu no mês de setembro, na capital paulista, na ocasião da oficialização do GEVID - Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica, do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), e foram distribuídos mais de 20 mil exemplares para a população em geral. Outros exemplares podem ser adquiridos em órgãos públicos e entidades que trabalham com a defesa da mulher no Estado de São Paulo. Também é possível visualizar e baixar a cartilha via internet no site do Ministério Público.

Por KARINA COSTA
Fonte: hotmail notícias

Brasil melhora posição em ranking sobre desigualdade de gênero


O Brasil ganhou 20 posições em um ranking global sobre desigualdade de gênero, em decorrência dos avanços obtidos na educação para mulheres e no aumento da participação feminina em cargos políticos. Segundo o ranking anual elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), o Brasil subiu da 82ª para a 62ª posição entre 135 países pesquisados. Em consonância à iniciativa brasileira, a Fundação Oswaldo Cruz estabeleceu o tema como uma de suas prioridades para o triênio 2009-2013, com a criação do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça, vinculado à Vice-Presidência de Gestão e Desenvolvimento Institucional, que assessora a Presidência da Fundação a fim de promover, como o próprio nome sugere, a igualdade de gênero e raça.
O Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça é uma iniciativa do governo federal, que, por meio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República e do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, reafirma os compromissos de promoção da igualdade entre mulheres e homens, inscrita na Constituição Federal de 1988. O programa conta também com a parceria do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Na Fiocruz, o Programa é coordenado pela pesquisadora Elizabeth Fleury.
A lista é liderada pela Islândia pelo quarto ano consecutivo, seguida pela Finlândia, Noruega, Suécia e Irlanda. No lado oposto do ranking, o Iêmen é considerado o país com a pior desigualdade de gênero do mundo. O Paquistão, o Chade, a Síria e a Arábia Saudita completam a lista dos cinco mais mal colocados.
Na América Latina e no Caribe, a Nicarágua é o país com a menor desigualdade de gêneros, na nona posição no ranking global, seguida de Cuba, Barbados, Costa Rica e Bolívia. O Brasil está em 14º lugar entre os 26 países da região pesquisados.
A Nicarágua também é o país que registrou o maior avanço na eliminação da desigualdade entre os gêneros nos últimos seis anos, pulando do 62º posto em 2006 (entre 115 países pesquisados naquele ano) para a 9ª posição neste ano, com uma melhora de 17,3% na pontuação geral. A Bolívia é o segundo país com o maior avanço, com uma melhora de 14% na pontuação, passando da 87ª para a 30ª posição no ranking.
Na relação dos países considerados desenvolvidos, a Coreia do Sul é o que tem a maior diferença entre gêneros, ocupando o 108º lugar no ranking. O Japão aparece em posição próxima, no 101º lugar.
Brasil – O avanço do Brasil no ranking tem "duas razões-chave", de acordo com a diretora de Paridade de Gênero e Capital Humano da organização, a paquistanesa Saadia Zahidi: aumentou de 7% para 27% a proporção de mulheres ministras e, "é claro, a presidente Dilma Rousseff estava no poder neste último ano, o que também tem impacto no índice".
Outro fator é que o país, "de fato, acabou com a diferença de gênero tanto em saúde como em educação" ao longo dos últimos anos, dividindo agora o primeiro lugar com diversos outros países, em ambas as áreas.
O Brasil recebeu a pontuação máxima nos itens relativos à educação e saúde, mas tem uma avaliação pior em participação econômica (na qual está em 73º entre os países avaliados) e participação política (na 72ª posição).
Zahidi destaca que, de modo geral, "o mundo está indo bem" na paridade de gênero em saúde em educação, mas nem tanto em empoderamento político e participação econômica, "áreas em que nem os países nórdicos acabaram com a diferença".
Para elaborar o ranking, o WEF estabelece uma pontuação baseada em quatro critérios: participação econômica e oportunidade, acesso à educação, saúde e sobrevivência e participação política.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Aplicação da Lei Maria da Penha enfrenta problemas

Grupo de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga a Violência contra a Mulher reuniu, nesta terça-feira (23), o consórcio de entidades civis que elaborou a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) para discutir a necessidade de mudanças no texto legal. Passados seis anos de vigência, a relatora da comissão, senadora Ana Rita (PT-ES), avalia que há mais problemas na aplicação do que no conteúdo da norma que estabeleceu uma série de mecanismos para combater a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Nas diversas audiências públicas realizadas pelo país, ficou evidenciada, segundo Ana Rita, a dificuldade de policiais, delegados, promotores e até juízes de colocarem em prática os comandos da Lei Maria da Penha. Essa impressão foi confirmada na reunião desta terça-feira pela promotora do Mato Grosso Lindinalva Rodrigues, que considerou mais necessário "mudar a mentalidade dos operadores do Direito" do que a Lei 11.340/2006.
- Falta capacitação para os profissionais que têm a missão de fazer com que a lei seja implementada. É preciso assegurar punição para quem agride a mulher - sustentou Ana Rita.
A senadora pelo Espírito Santo também citou outros problemas associados ao cumprimento da Lei Maria da Penha, como a falta de profissionais e a precariedade na estrutura física de delegacias e varas especializadas em atendimento à mulher. A solução passa, como ressaltou, pela ampliação das verbas para financiamento das ações de enfrentamento à violência contra a mulher, que devem estar previstas, segundo a parlamentar, inclusive no próprio Orçamento da União.
Próximos passos
Além de ajustes na Lei Maria da Penha, a CPI da Violência contra a Mulher está reavaliando toda a legislação em vigor e os 47 projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados (36) e no Senado (11) que tratam do tema. E, paralelamente, vai retomar, em novembro, as audiências públicas promovidas pelo país.
- Temos cronograma de audiências em mais cinco estados [Rio de Janeiro, Ceará, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Distrito Federal]; realizaremos mais duas audiências no Senado e, a partir disso, iremos concluir o relatório, que deverá ser entregue no início de dezembro - informou Ana Rita.
Agência Senado

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Preconceito e discriminação são desafios para mulher no mercado de trabalho


Um dos momentos mais emblemáticos na história da luta feminina pela igualdade de direitos aconteceu no final da tarde do dia 25 de março de 1911 quando 150 mulheres, em sua maioria imigrantes judias e italianas, morreram em um incêndio na Triangle Shirtwaist Company, em Nova Iorque.
Embora algumas versões apontem que os patrões fecharam as portas da fábrica propositalmente, sabe-se que elas eram mantidas trancadas como costume, para evitar a saída das trabalhadoras no horário do expediente. O acidente, que acabou por revelar as condições degradantes das quais as mulheres eram submetidas, deu força e visibilidade a luta feminista que, mais tarde, conquistaria direitos fundamentais para as mulheres.
Apesar delas serem parte da produção industrial desde a Revolução Industrial, a luta por direitos se intensificou apenas no século XX, quando elas se tornaram fundamentais nas fábricas, enquanto os homens estavam nos fronts de batalha da Primeira e Segunda Guerra Mundial. As primeiras manifestações feministas por melhores condições de trabalho e direito ao voto datam de 1850, mas é o movimento dos Direitos Civis, da década de 60, do século XX , que é apontado como fundamental para a inclusão feminina no mercado de trabalho.
No Brasil, a primeira legislação protegendo as mulheres é de 1827, quando uma lei passou a admitir meninas nas escolas elementares. O direito ao voto chegou mais de 100 anos depois, em 1934, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945). Porém, apesar dos avanços, a desigualdade de gêneros ainda é marca profunda no mercado de trabalho em todo o país.
No decorrer desta semana o Jornal do Brasil publica uma série de reportagens abordando os diversos aspectos e a condição da mulher na realidade brasileira. Amanhã, João Pedro Azevedo, economista sênior do Banco Mundial, comenta os desafios para o país no combate a desigualdade de gêneros.

Queda da desigualdade beneficia mulheres

A desigualdade social no Brasil alcançou o índice mais baixo da história este ano, segundo pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgada no último mês. A principal razão para esta evolução se deve a expansão do mercado de trabalho, principalmente o formal, como apontaram especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil. Estes avanços beneficiaram diretamente as mulheres, já que elas são maioria na camada "mais baixa" da pirâmide, principalmente quando se analisa o mercado de trabalho. Os números demonstram a desigualdade.
Segundo dados do IBGE, 51,2% das mulheres estão no trabalho informal e 11,6% das mulheres ocupadas com 16 anos ou mais não têm rendimentos, trabalham para o próprio consumo ou não tem qualquer tipo de remuneração. Uma em cada cinco delas são empregadas domésticas e, apesar de maior escolaridade, as mulheres ainda recebem, em média, 70% da remuneração masculina.
Estas diferenças são apenas a ponta do problema. A condição feminina geral é de vulnerabilidade e precariedade, e a desigualdade de gêneros ainda é realidade, como evidenciam os dados sobre a renda e empregabilidade das mulheres brasileiras.

Autonomia e Dupla Jornada

A autonomia financeira é apontada por especialistas como fundamental para que as mulheres consigam outros direitos fundamentais. “É apenas com esta autonomia que elas terão poder e independência para lutar contra outras desigualdades”, analisa Glaucia Faccaro, coordenadora-geral de Programas e Ações do Trabalho da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM).
O número de famílias lideradas por mulheres teve aumento substancial nos últimos anos: de 26,55% em 2000 para 37,4% em 2012, de acordo com a mesma pesquisa. Porém, o número esconde um problema fundamental enfrentado pelas mulheres: a dupla ou “até a tripla” jornada de trabalho, sendo elas responsáveis pelo trabalho, a casa e os filhos. A co-participação dos homens na vida familiar ainda é baixa. “Elas acabam sobrecarregadas, mais estressadas e ainda sem tempo para se dedicar as atividades que podem melhorar suas vidas”, afirma Glaucia.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE de 2006, juntando as horas gastas com o trabalho formal e dentro de casa, as mulheres chegam a trabalhar mais de 58 horas por semana, treze a mais que os homens. E é este “tempo da mulher” que a historiadora Eleutéria Amora da Silva gosta de destacar em meio aos seus trabalhos como coordenadora-geral da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), no Rio de Janeiro.
“Uma das piores conseqüências é o abandono do estudo. Quem trabalha essa quantidade de tempo, com filhos, não tem forças nem tempo para estudar. Faltam às empresas creches e políticas de apoio para que as mulheres possam também ascender profissionalmente”, enfatiza.
Além disso, a quantidade de mulheres que ocupam cargos de chefia também é muito baixo: apenas 23% na presidência ou posições similares. As questões culturais, que as colocam sempre no papel de “cuidadora” e “protetora” acabam afastando a sua participação em algumas profissões mais técnicas que remuneram melhor, como engenharia, por exemplo. É o que afirma Glaucia.
"As profissões tidas como femininas estão sempre ligadas as relações humanas, como enfermagem, professora, por exemplo". Segundo ela, as políticas públicas de incentivo a qualificação da mulher, realizadas pela SPM, tem surtido efeito. "Há interesse pela área, mas permanece uma barreira cultural muito forte ainda".
Estudante de engenharia, Juliana Nunes, de 25 anos, é um típico exemplo desta mulher que começa a aparecer na mão de obra brasileira. Ela chegou a se formar em Pedagogia antes de perceber que gostava mesmo de outra área. "Sempre adorei matemática, mas não pensava em engenharia, até ver meu irmão se dando bem na carreira. Aí, tomei coragem e fiz. Ganhava mal e não me sentia realizada antes", contou.

Assédio e discriminação

Um dos problemas constantemente relatados para Eleutéria é o assédio moral, sexual e a discriminação no ambiente de trabalho. "É extremamente comum. Há casos de exploração, em que algumas acabam ficando 12, 14 horas por dia nos estabelecimentos", conta. Um levantamento recente, realizado por um site especializado, revelou que 32% das mulheres entrevistadas afirmam sofrer ou já ter sofrido assédio sexual no ambiente de trabalho.
Com apenas 24 anos, a assistente de projetos Letícia Alves Maione, formada em Relações Internacionais, afirma já ter sentido na pele discriminação e assédio no ambiente de trabalho. "Fui infantilizada diversas vezes durante reuniões e apresentações de projeto, com trejeitos usados para crianças mesmo. As pessoas tendem a diminuir suas críticas, te colocam em um papel de fragilidade, de uma feminilidade negativa, como se fôssemos mais fracas".
Ela contou ainda que o assédio dos chefes era comum. "Eles tentavam estar comigo em momentos em que estivéssemos sozinhos, para assediar mesmo, me chamando de 'gatinha' e fazendo insinuações. Você, como subordinada, empregada, se sente vulnerável. Imagina se minha vida dependesse deste emprego? Muita gente tem que conviver com isso diariamente", lamenta.
A discriminação é muito pior para as mulheres negras. Neste caso, a diferença de remuneração para um homem branco pode chegar a 40% do salário deles. E a pressão para se "alinhar" aos padrões de beleza europeu são grandes. "Uma de nossas atendidas aqui na Ong foi demitida por se recusar a alisar o cabelo. E ela não é a única: vemos muito menos negras em posições de exposição, como recepcionista ou vendedora, por exemplo", conta Eleutéria.
Um dos principais projetos da Camtra acontece no mercado de trabalho informal do Saara, no centro da capital fluminense. Lá, as características que marcam a realidade da maioria das mulheres trabalhadoras ficam evidentes. Segundo pesquisa realizada pela Ong, cerca de 64% está empregada ilegalmente e mais de 75% das trabalhadoras que engravidaram perderam o emprego ou o salário durante o resguardo. "Em alguns casos, as funcionárias foram obrigadas a retornar ao trabalho apenas uma semana após o parto", relata a coordenadora.

Políticas públicas são "fundamentais"

A equiparação de direitos entre homens e mulheres ainda é um "grande desafio" para o país. Além do aumento da atuação das Ongs, as políticas públicas de incentivo, dentro e fora das empresas, são consideradas fundamentais para que a cultura de "inferioridade feminina" seja eliminada de vez da cultura brasileira.
"Inegavelmente, existem avanços. Mas ainda temos medo de andar sozinhas na rua, ou acreditamos ser culpadas quando somos assediadas dentro do trabalho. Muitas coisas precisam mudar, temos um longo caminho pela frente", finalizou Eleutéria.

Fonte: Jornal do Brasil por Carolina Mazzi